A Saudade.

Ontem estava a ver a final do Festival da Canção 2022, na RTP1, como vejo sempre todos os anos, como grande fã da Eurovisão que sou. No entanto, não é esse o ponto importante aqui, hoje. Tenho andado algo desaparecido dos meus desabafos aqui no site porque tenho estado muito pensativo sobre tudo aquilo que se está a passar à minha volta. Não sou pessimista, longe disso, mas gosto de refletir e tenho-o feito imensas vezes desde o início do ano.

A pandemia, a guerra, as relações humanas, a fome, as doenças… fazem-me colocar tudo ainda mais em perspetiva. Quando fui crescendo, ao longo da minha infância, estava longe de imaginar como seria o futuro, ou talvez a vida adulta, como lhe queiram chamar. No fundo, é uma fusão dos dois. Fui-me dececionando ao longo dos anos com as coisas que pensava que eram bonitas. Não são. Era tão bom sonhar com a vida perfeita num paraíso angelical, no entanto não o podemos ter, infelizmente.

Então resta-nos viver. E viver com as armas que temos à nossa disposição. E só cada um de nós é que as pode encontrar à sua maneira. Na verdade, agora, não estou tão triste e tão chateado com o que está a acontecer, porque já percebi que por mais que eu possa implorar que as coisas mudem, não vai acontecer. Não tenho poder algum, não posso mudar o mundo nem as pessoas. Resta-me amar muito quem está ao meu lado e assim espero que toda a gente o faça, independentemente de quem seja.

E tudo isto fez-me suar na cabeça enquanto via as canções que estavam a concurso no festival que vos falei lá em cima. Tinha uma favorita claro, todos temos, mas a canção vencedora (“Saudade, saudade”, da Maro) trouxe-me à mente uma visão completamente fora do meu ângulo. A saudade. Não é o que todos nós sentimos no fundo? Daquela pessoa, daquele momento, daquela memória, daquela festa… daquela Europa, daquele Mundo? É uma palavra inteiramente portuguesa, muito difícil de ser traduzida noutras línguas, mas é bonita porque nos traz alguma paz e coloca tudo em análise.

É bom sentir saudade, aliás é bom sentir tudo de forma intensa. É dessa maneira que quero cada vez mais viver aquilo que eu sou. A sentir os outros e as coisas. Só assim é que faz sentido estarmos aqui. Inteiros, profundamente inteiros.

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