Marcas do passado

Sempre que se aproxima o meu aniversário penso em tudo. No presente, no futuro, mas mais no passado. Porquê? Não sei. É instintivo. Se calhar porque os anos passam e a vida vai ficando para trás. É mais um ano, mais 365 dias em cima, mais não sei quantas horas que se apoderam de nós… enfim, é muita coisa junta. Tudo bem que só tenho 21 anos e não tenho razão de queixa, no entanto aos 30, aos 40, aos 50 a conversa muda muito de figura. Quer dizer… digo eu. Tudo suposições.

Penso muito, todos os dias, até nas mais pequenas coisas. Nas pessoas que se cruzaram no meu caminho durante a minha infância, a minha escola, o meu secundário…, nas gentes que só vi uma única vez, nos momentos que passei em família, nas experiências incríveis que tive com os meus amigos. Será que tudo valeu a pena? Tudo isso serviu para quê? Para nos moldar? Para nos fazer mais adultos? E se eu tivesse escolhido outro curso na faculdade que não aquele que decidi escolher? Iria encontrar os mesmos colegas, as mesmas sensações? Bem, já perceberam que é um turbilhão de perguntas que nunca vou conseguir responder. Nem vocês.

Certezas? Tenho. Só daquilo que vivi. Lembro-me perfeitamente de todos os natais em que fiz aquela viagem de 4 horas para ver os meus avós, ainda hoje faço. Lembro-me de ter rido às gargalhadas com a minha mãe sem razão nenhuma, só porque sim, e ainda hoje faço. Lembro-me de ir para o campo com o meu avô, de fazer bolos com a minha avó, de ir a França ter com a minha família, de meter música popular portuguesa aos altos berros e dançar sozinho em casa… e ainda hoje faço. Isto são as minhas certezas. O passado é a minha certeza.

Nunca vos aconteceu estarem num sítio e passar aquela canção que ouviam quando eram miúdos? E ficarem estáticos de olhos fechados só a ouvir? Porque vos lembra muita coisa? Pois bem, quando estava a escrever este texto estava sentado no sofá e alguém cá em casa meteu música… qual? “Forever Young”, dos Alphaville. Morri por dentro. Porque me trouxe tudo. Os meus pais, as viagens de carro, a terra onde nasci… E petrifiquei, de olhos fechados, só a escutar, com atenção.

E sabem que mais? O presente de agora era o nosso futuro de há uns anos. Já pararam para pensar em quem se tornaram? Era aqui que queriam ter chegado? Não há idade para os sonhos e muito menos para pararmos de pensar naquilo que nos faz bem. Agradeço todos os dias pelo passado que tive, pelo dia que passou, pela hora que estive à espera, pelo minuto que se escapou. Tudo serve para me moldar e para construir tudo aquilo que hoje sou. Momentos maus? Sim, muitos. Só me fizeram crescer. Nãos? Bastantes. Só me fizeram recomeçar e evoluir. Os momentos bons? Esses são mágicos!

Por isso, orgulhem-se do vosso passado. Ele é a marca mais exata que temos. É só ele que conta a nossa história. Tudo o resto é tudo o resto… simples.

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